Anos atrás li a notícia de violência sexual praticada a uma jovem. Ela foi ao parque com uns amigos, conversa boa, musiquinha e caipirinha; um cara se juntou ao grupo e logo estavam conversando; super legal, altos papos, deu vontade de ficar, então ele propôs se afastarem, pra um lugar mais reservado, mas lá chegando se encontrou com mais dois e iniciaram a agarrá-la, despiram-na e a forçaram ao sexo. Ela estava muito bêbada, não conseguiu se defender nem fugir, nem lembrava do rosto dos demais agressores.
A pergunta é: se não tivesse bebido, teria acontecido? Talvez, mas provavelmente não. Essa situação não é muito rara e certamente acontece muito mais do ficamos sabendo. Como pais é muito preocupante. Então o que fazer? Como preparar nossos jovens para lidar melhor com a bebida? Proibir simplesmente vai funcionar para poucos, não a maioria, e por pouco tempo. A bebida vai estar sempre por aí, sempre facilmente acessível. Temos então que ensinar a lidar com ela de forma responsável. Como se faz isso?
Nós adultos, na maioria, não sabemos. Mas podemos tentar uma definição: é quando você, ainda sóbrio, consegue avaliar as consequências que beber poderá trazer, e se resolver exagerar, prepare o contexto para que esteja seguro. Isso significa não dirigir, não discutir, nem se expor a ambientes onde possa ser agredido, assaltado ou abusado. É difícil, com adolescentes mais ainda, mas não há outra saída. Aliás, do ponto de vista da saúde do cérebro, adolescentes não podem consumir álcool, pois estão ainda em desenvolvimento.
Muitos adultos consomem bebidas antes de tomarem decisões importantes, sem avaliar o efeito que o álcool terá sobre suas decisões. Depois com as consequências negativas, não dão a devida importância a este efeito. É bom pensar nisso, para que a festa não vire tragédia, e para que a quarta-feira de cinzas seja assim somente no nome.
Publicado no jornal "Diario Popular" 28-29/01/2023
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