O uso diário de tecnologias de informação e comunicação é uma prática disseminada em toda a cultura mundial. No cotidiano, essas tecnologias desempenham um papel crucial em diversas áreas: na saúde, difundindo conhecimentos científicos, viabilizando procedimentos a distância, seja como veículo de informação ou de procedimentos robotizados; na educação, facilitam o acesso a plataformas de aprendizado online e recursos digitais; no trabalho, promovem a comunicação remota e a automação de tarefas; e no lazer, oferecem entretenimento por meio de jogos, streaming de vídeos e redes sociais. Esses exemplos evidenciam como a tecnologia se integra de forma já indispensável à vida moderna. O mundo seria outro se não dispuséssemos de internet praticamente irrestrita. Com os novos projetos de internet por satélite, de empresas privadas e governos, isso se tornou ainda maior. Conforme os dados do Digital Report 2024, já temos mais de 5 bilhões de usuários, com um aumento de 266 milhões de pessoas entre 2023 e 2024, representando um crescimento anual de 5%. Como se pode ver, o uso de dispositivos eletrônicos é uma constante na vida do cidadão comum, tornando-se já parte da vida da maioria dos habitantes do planeta.
A dificuldade de viver sem o celular é evidente; quem decide não utilizá-lo, freqüentemente depende de outros para acessar informações e serviços online ou se comunica apenas esporadicamente. Portanto, é inadequado afirmar que o celular e outros dispositivos de comunicação são um mal para a humanidade. Ele representa progresso, impulsiona a qualidade de vida, facilita uma cultura global conectada e promove o desenvolvimento de comunidades locais e a conservação de valores culturais tradicionais. No Brasil, 86,6% da população usa a internet, somando 144 milhões de usuários, com uma média de 9 horas e 13 minutos diários de conexão.
Entretanto, como ocorre com outros comportamentos humanos, o uso excessivo e inadequado dessas tecnologias pode levar a problemas de saúde física e mental. Estudos recentes indicam que cerca de 26% da população mundial experimenta sintomas de ansiedade ou depressão associados ao uso excessivo de dispositivos digitais, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Além disso, um levantamento realizado pela Associação Americana de Psicologia revelou que 45% dos jovens entre 18 e 24 anos relatam dificuldades para dormir atribuídas ao uso de smartphones e outros dispositivos logo antes de dormir, o que pode acarretar fadiga crônica e queda de produtividade.
Dependência Digital
A Dependência Digital (DD) ainda carece de definição consensual, mas está associada ao uso excessivo de dispositivos eletrônicos e seus efeitos prejudiciais. Comportamentos típicos incluem o uso compulsivo de redes sociais, jogos eletrônicos e aplicativos de mensagens, que freqüentemente levam à perda de controle sobre o tempo gasto online. Para lidar com esses comportamentos, diversas ferramentas e programas têm sido desenvolvidos, como aplicativos que monitoram o tempo de tela, enviam alertas sobre uso excessivo e até bloqueiam temporariamente o acesso a determinados aplicativos. Exemplos incluem "Forest," que incentiva a desconexão ao plantar árvores virtuais, e "StayFocused," uma extensão que limita o acesso a sites durante o horário de trabalho. Essas ferramentas ajudam a estabelecer limites saudáveis e a reduzir o comportamento compulsivo. Estudos recentes indicam que 39% dos adultos relatam dificuldade para interromper o uso de seus dispositivos, mesmo durante refeições ou encontros sociais, e 21% admitem verificar o celular mais de 100 vezes ao dia, segundo uma pesquisa conduzida pelo Pew Research Center. Esses dados ilustram a amplitude e a relevância do problema. Estudos apontam relações com depressão, ansiedade, distúrbios do sono e prejuízo nas relações sociais.
Tratamentos para Dependência Digital geralmente envolvem abordagens como a terapia cognitivo-comportamental (TCC), que ajudam os pacientes a identificar e modificar padrões de pensamento e comportamento relacionados ao uso excessivo da tecnologia. Intervenções tecnológicas, como aplicativos que monitoram e limitam o tempo de uso de dispositivos, também têm mostrado eficácia. Em casos mais graves, programas de desintoxicação digital, que incluem períodos programados sem acesso a dispositivos, são recomendados para restaurar o equilíbrio na vida digital do indivíduo. Entre os recursos terapêuticos está a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), uma abordagem eficaz para tratar a dependência digital, auxiliando o indivíduo a identificar e modificar padrões de pensamento e comportamento relacionados ao uso excessivo da tecnologia. Recentemente modelos específicos de TCC têm sido desenvolvidos e testados para o tratamento dos transtornos digitais. Alguns recursos comportamentais incluídos ocasionalmente na TCC podem ser o estabelecimento de limites e monitoramento, que consiste em definir horários específicos para o uso de dispositivos digitais e monitorar o tempo gasto online, e são estratégias importantes. Aplicativos de controle parental ou de bem-estar digital podem ser úteis nesse processo. As atividades offline, que visam substituir o tempo gasto online por atividades presenciais, como exercícios físicos, leitura direta (livros, jornais e revistas), hobbies ou interações sociais, pode ajudar a reduzir a dependência. A prática regular de atividades físicas, como yoga, natação ou ciclismo, contribui para o bem-estar geral e diminui o tempo dedicado às telas. O “detox digital”, com a realização de períodos sem o uso de dispositivos digitais, permite ao indivíduo se reconectar com o mundo real e reduzir a dependência. Dedicar algumas horas do fim de semana para atividades manuais ou ao ar livre pode ser uma forma de realizá-lo. Também muito importante, o apoio direto familiar e social, é fundamental, principalmente com adolescentes. Estabelecer regras claras sobre o uso de tecnologia em casa e incentivar atividades em grupo sem dispositivos digitais fortalece os laços sociais e reduz o risco de dependência.
É importante destacar que a dependência digital é reconhecida como um transtorno que requer atenção e tratamento adequados. A combinação dessas estratégias pode contribuir significativamente para a recuperação e o restabelecimento de um equilíbrio saudável entre o uso da tecnologia e as atividades comuns, ditas “offline”.
Transtorno de Jogo Eletrônico
Mais específicamente voltado para o ambiente virtual lúdico, a Gaming Disorder caracteriza-se pela persistência no ato de jogar apesar de conseqüências negativas, perda de controle sobre essa atividade e comprometimento funcional. O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5-TR) reconhece o transtorno como uma forma de adição não relacionada a substâncias, com critérios diagnósticos, como: preocupação excessiva com jogos; sintomas de abstinência, como irritabilidade; necessidade crescente de jogar por mais tempo; tentativas frustradas de reduzir o tempo de jogo; perda de interesse em outras atividades. O indivíduo rapidamente se torna absorvido pelas atividades de jogo em tela, passando a realizar o resto de suas atividades com desinteresse e na medida de necessidade ou pressão de outrem.
A OMS incluiu o Transtorno de Jogo Eletrônico na Classificação Internacional de Doenças (CID-11) em 2018. Outros sintomas incluem negligência com autocuidados, isolamento social e prejuízo em responsabilidades importantes. Os adolescentes são especialmente vulneráveis, desenvolvendo uma dependência mais severa e assim como acontece com as dependências de substâncias, por estrem ainda em amadurecimento cerebral, as trnsformações patológicas decorrentes do uso compulsivo tendem a perdurar por mais tempo. Os tratamentos recomendados são a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) já antes mencionada, que é a abordagem terapêutica mais utilizada, auxiliando o paciente a compreender os gatilhos da adição e a desenvolver habilidades sociais e de resolução de problemas fora do ambiente virtual; a terapia ocupacional, que ajuda o paciente a identificar atividades alternativas que proporcionem prazer e satisfação, reduzindo a dependência dos jogos; as atividades físicas e de lazer incentivando a prática de esportes e hobbies que não envolvam tecnologia pode ser benéfico para a reabilitação; os grupos de ajuda mútua, como o “Jogadores Anônimos”, que utilizam estrutura e filosofia semelhante ao Alcoólicos Anônimos; o tratamento farmacológico já que em alguns casos, medicamentos podem ser prescritos para tratar sintomas associados, como a própria compulsão, ansiedade ou depressão. A eficácia desses medicamentos ainda está sendo investigada, e sua utilização deve ser cuidadosamente avaliada por um profissional de saúde. Por fim, segue de grande importância o apoio familiar e social, promovendo um ambiente de compreensão e incentivo à recuperação.
É fundamental que o tratamento seja personalizado, considerando as necessidades específicas de cada indivíduo. A colaboração entre profissionais de saúde, familiares e o próprio paciente é essencial para uma recuperação bem-sucedida.
Outros comportamentos problemáticos relacionados à internet que não estão ainda caracterizados como um transtorno específico nos indicadores internacionais de doenças, como a CID e o DSM, mas que isolados ou associados a outras condições psiquiátricas podem representar problema são:
Cibercondria
A cibercondria é um comportamento caracterizado pela busca excessiva e muitas vezes equivocada de informações sobre saúde na internet, levando a conclusões precipitadas ou errôneas. Esse hábito pode aumentar a ansiedade e a preocupação com doenças, muitas vezes sem necessidade. A crença irredutível de enfermidade presente, na ausência desta, pode fazer parte de um quadro de hipocondria, com acréscimo do uso de dispositivos eletrônicos e da internet. Esse comportamento aumentou durante a pandemia de COVID-19, pelo estímulo ao isolamento e à comunicação digital. Os sintomas da Cibercondria são a preocupação excessiva com a saúde, mesmo na ausência de sintomas significativos; a busca constante por informações médicas online; a interpretação incorreta de sintomas comuns como sinais de doenças graves; e as visitas frequentes a médicos ou realização de exames desnecessários. O tratamento da cibercondria pode envolver a terapia cognitivo-comportamental, que tem se mostrado eficaz, ajudando o paciente a reestruturar pensamentos e comportamentos relacionados à saúde. A educação em saúde, orientando o paciente sobre a importância de consultar profissionais de saúde qualificados e evitar auto-diagnósticos. O estabelecimento de horários específicos para buscar informações médicas e sempre verificar a credibilidade das fontes. E as práticas de relaxamento, com atividades como meditação e exercícios físicos que podem ajudar a reduzir a ansiedade associada à cibercondria.
É importante que indivíduos que apresentam sintomas de cibercondria busquem orientação profissional para um diagnóstico adequado e um plano de tratamento personalizado.
FOMO (Fear of Missing Out)
Esse termo busca descrever a ansiedade gerada pela percepção de que outras pessoas estão vivenciando experiências satisfatórias, como ao visualizar fotos de viagens, eventos sociais ou conquistas acadêmicas postadas nas redes sociais. Entre os jovens, isso pode levar à compulsão de verificar constantemente suas notificações, enquanto em adultos, manifesta-se como uma pressão para estar atualizado em grupos de trabalho ou círculos sociais, causando impactos negativos no humor e na satisfação com a vida. O FOMO é especialmente prevalente entre os jovens. Esse fenômeno é freqüentemente exacerbado pelo uso de mídias sociais, onde as atualizações constantes podem intensificar a sensação de exclusão. Os sintomas mais comuns de FOMO são a ansiedade ao ver amigos participando de eventos sem o sujeito; a necessidade compulsiva de verificar redes sociais; a comparação constante da própria vida com a dos outros e os sentimentos de inadequação ou insatisfação. O FOMO pode levar a diversos impactos negativos, incluindo a diminuição da autoestima; o aumento do estresse e da ansiedade; problemas de sono devido ao uso excessivo de dispositivos eletrônicos e as dificuldades em manter relações interpessoais saudáveis. Foram estabelecidas algumas estratégias para combater o FOMO, que seriam o estabelecimento de limites no uso de mídias sociais, com a definição de horários específicos para acessar redes sociais e a prevenção ao ato de verificá-las constantemente. A prática da gratidão, reconhecendo e valorizando as experiências positivas que está vivenciando. O desenvolvimento de habilidades de meditação Mindfulness, já que estas e outras práticas de atenção plena podem ajudar a reduzir a ansiedade e aumentar a satisfação com o momento presente. O estabelecimento de objetivos pessoais, diminuindo a comparação com os outros e levando o indivíduo a se concentrar em suas próprias metas e realizações. Se o FOMO estiver afetando significativamente sua qualidade de vida, considere consultar um psiquiatra especializado. É importante lembrar que é natural sentir-se excluído ocasionalmente, mas é necessário reconhecer esses sentimentos e adotar estratégias para gerenciá-los de forma saudável.
Nomofobia
Nomofobia é o medo extremo de ficar sem o celular ou desconectado da tecnologia levando a sintomas como ansiedade, irritabilidade e dificuldades de concentração. Estudos realizados pela Universidade de Granada, na Espanha, revelaram que cerca de 77% dos jovens entre 18 e 24 anos sofrem de algum grau de nomofobia, enquanto, em faixas etárias acima dos 50 anos, esse número cai para 29%. Essa condição pode levar a sintomas como aumento da frequência cardíaca, inquietação e dificuldades de concentração, sendo especialmente prevalente em indivíduos que dependem do smartphone para tarefas diárias e comunicação. Estudos indicam que essa condição pode ser comparada à dependência química, causando sentimentos de ansiedade intensa e isolamento social. Os sintomas mais comuns são a ansiedade ou irritação ao perceber que o celular está sem bateria, sem sinal ou inacessível; dificuldade em se concentrar em atividades sem o uso do celular; o uso excessivo do celular durante interações sociais, como conversas com amigos e familiares; o medo de perder informações ou atualizações importantes ao ficar sem o aparelho. Os recursos de tratamento mais utilizados são o estabelecimento de limites de uso, ou seja a colocação de horários específicos para utilizar o celular, evitando seu uso durante refeições ou interações sociais; uma “desintoxicação digital, ou seja a realização de períodos sem o uso do celular - 24 horas, por exemplo - para reduzir a dependência; a substituição do uso dos dispositivos por outras atividades, tipo o engajamento em hobbies ou atividades físicas para ocupar o tempo que seria dedicado ao celular. Em casos mais graves, é recomendável buscar ajuda para tratamento especializado.
É importante reconhecer que a nomofobia é uma condição tratável. Com o apoio adequado e estratégias eficazes, é possível reduzir a dependência do celular e melhorar a qualidade de vida.
Selfitis
O desejo compulsivo de tirar selfies e publicá-las nas redes sociais é conhecido como Selfitis. Essa prática pode interferir na vida pessoal e profissional, além de impactar negativamente a saúde psicológica.
A "selfitis" refere-se ao comportamento obsessivo de tirar e compartilhar selfies nas redes sociais. Embora não seja oficialmente reconhecida como um transtorno mental pela Associação Americana de Psiquiatria, estudos indicam que esse comportamento pode estar relacionado a questões como baixa autoestima, busca por atenção e necessidade de pertencimento social. Os sintomas mais comuns são a busca constante por atenção nas redes sociais; a baixa autoestima e insegurança, e a necessidade de validação através de curtidas e comentários. Embora a "selfitis" não seja ainda reconhecida como um transtorno, profissionais de saúde mental sugerem abordagens para lidar com comportamentos compulsivos relacionados a selfies, como a antes citada Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), que ajuda a identificar e modificar padrões de pensamento e comportamento relacionados à busca por validação nas redes sociais. Sessões individuais ou em grupo podem ser benéficas para explorar questões subjacentes, como baixa autoestima ou ansiedade social. Um outro recurso que pode ser associado a esta terapia é o mindfulness, cujas técnicas de meditação com atenção plena podem auxiliar na redução da necessidade de compartilhar constantemente selfies, assim como no controle da ansiedade; e a educação digital ou orientação sobre o uso saudável das redes sociais e os impactos do compartilhamento excessivo de imagens pessoais.
É importante consultar um profissional de saúde mental para uma avaliação adequada e recomendações personalizadas.
Para avaliar o grau de dependência de selfies, pesquisadores desenvolveram a "Escala de Comportamento Selfitis", que inclui afirmações como:
"Publicar minhas selfies para criar uma competição saudável com meus amigos e colegas."
"Ganho muita atenção quando compartilho minhas selfies nas redes sociais."
"Reduzo meu nível de estresse quando tiro selfies."
"Eu me sinto confiante quando tiro selfies."
"Sou mais aceito dentro de um grupo quando publico selfies nas redes sociais."
Este comportamento foi relacionado principalmente a problemas com a imagem corporal, tendo sido estudado fundamentalmente em adolescentes.
Essas afirmações ajudam a identificar comportamentos associados à "selfitis" e podem ser discutidas com um profissional de saúde mental para uma avaliação mais aprofundada.
Phubbing
O "phubbing" é um comportamento caracterizado pela negligência de interações sociais presenciais em favor do uso de dispositivos móveis, especialmente smartphones. Esse comportamento afeta a comunicação interpessoal, reduz a satisfação nos relacionamentos e prejudica a qualidade das interações familiares, como no caso do "phubbing parental". O termo é uma combinação das palavras "phone" (telefone) e "snubbing" (ignorar), refletindo a prática de ignorar alguém ao focar no celular durante uma conversa. Algumas consequências do “phubbing” são o prejuízo da qualidade das relações afetivas, levando a sentimentos de negligência e insatisfação entre amigos, familiares e parceiros. Está associado a níveis elevados de ansiedade, depressão e solidão, uma vez que a falta de interação social afeta o bem-estar emocional e a distração constante que pode comprometer a concentração e a produtividade, resultando em desempenho inferior em atividades acadêmicas e profissionais. Algumas formas de tratamento e prevenção envolvem reconhecer o comportamento de phubbing, o que é o primeiro passo para a mudança. Avaliar situações em que o uso do celular interfere nas interações sociais pode ajudar a identificar padrões. Definir horários específicos para o uso do celular, evitando-o em situações específicas, como durante refeições ou encontros sociais, pode diminuir a tentação de verificar o dispositivo constantemente. A desativação de notificações de aplicativos reduz a urgência de verificar o celular, permitindo maior foco nas interações presenciais. Os aplicativos de gestão de tempo, ferramentas que monitoram e limitam o tempo de uso do celular podem ser eficazes na redução do “phubbing”; a promoção de atividades sociais sem tecnologia, como participar de eventos ou grupos que incentivam interações sem o uso de dispositivos móveis pode fortalecer as habilidades sociais e reduzir a dependência do celular. As técnicas de atenção plena (mindfulness) que podem auxiliar na redução da necessidade de distração digital, promovendo maior foco no momento presente.
Em casos mais graves, onde o “phubbing" está associado a adições tecnológicas ou problemas de saúde mental, é recomendável procurar a orientação de profissionais especializados.
Ao adotar essas estratégias, é possível minimizar os efeitos negativos do “phubbing" e promover interações sociais mais saudáveis e significativas.
Síndrome do Texto Fantasma
Caracterizada pela sensação de vibrações ou toques inexistentes, essa síndrome tem sido associada à ansiedade, depressão e, possivelmente, ao Burnout. Refere-se à sensação de que o celular está recebendo notificações ou chamadas quando, na realidade, não há nenhuma. Essa percepção pode ocorrer mesmo quando o dispositivo está em repouso, sem notificações ativas. Estima-se que cerca de 60% dos usuários de telefones móveis experienciam essa sensação em algum momento. As causas possíveis são o uso frequente do celular, que pode criar uma expectativa constante de notificações, levando o cérebro a interpretar estímulos físicos, como o movimento do aparelho, como sinais de atividade. E a ansiedade, que pode aumentar a vigilância em relação ao celular, fazendo com que o indivíduo perceba estímulos irrelevantes como notificações. Algumas estratégias para minimizar a sensação poderiam ser a redução do uso do celular, estabelecer períodos sem o dispositivo para diminuir a expectativa constante de notificações. Evitar carregar o celular no bolso ou em locais próximos ao corpo, onde a sensação de vibração pode ser confundida com notificações. Configurar as notificações para reduzir a frequência de alertas sonoros e vibratórios, diminuindo a probabilidade de falsas percepções. E a prática de técnicas de relaxamento, com atividades como meditação e exercícios de respiração que podem ajudar a reduzir a ansiedade associada ao uso do celular.
Se a sensação de "Texto Fantasma" persistir e afetar significativamente o bem-estar, é aconselhável consultar um profissional de saúde mental para avaliação e orientação adequadas.
Náusea Digital
A náusea digital, também conhecida como "cybersickness" ou enjoo digital, é uma condição resultante do uso prolongado de dispositivos digitais, como computadores, smartphones e aparelhos de realidade virtual. Os sintomas mais comuns são náusea, tontura, fadiga ocular, dor de cabeça, desorientação espacial e temporal, e sonolência. Sua causa é um conflito entre as informações visuais recebidas pelos olhos e os sinais do sistema vestibular (responsável pelo equilíbrio). Por exemplo, ao olhar para uma tela que exibe movimento, o cérebro interpreta que estamos em movimento, embora o corpo esteja parado, resultando em sintomas de enjoo. Os recursos terapêuticos incluem fazer intervalos frequentes durante o uso de dispositivos digitais para descansar os olhos e o cérebro; aumentar gradualmente o tempo de uso de dispositivos digitais para permitir que o corpo se adapte; ambiente adequado; garantir uma boa iluminação e ajustar o brilho da tela para reduzir o esforço ocular; praticar técnicas de respiração profunda e meditação para reduzir o estresse e a tensão ocular. Uso de medicamentos nos casos mais graves, como anti-histamínicos que podem ser utilizados para aliviar os sintomas.
É importante consultar um profissional de saúde antes de iniciar qualquer tratamento medicamentoso.
Dr. Alfredo Lhullier
Psiquiatra
Especialista em Dependência Química
Mestre em Saúde e Comportamento
Doutor em Psicologia
Referências
HospitalSantaMônica https://hospitalsantamonica.com.br/como-proceder-com-o-tratamento-para-vicio-em-jogos-online/
Minha Vida - Saúde
Cochrane
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Zenklub
Conexa Saúde
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Psicólogos Berrini
Época Negócios
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